o branco da flor / o branco das nuvens / o branco dos teus olhos
Nada é simples quando se trata de palavras.
Quando se trata de palavras até a palavra simples é complicada.
um blog de Luís Ene
sexta-feira, 27 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
RIMA
Os poemas são
casas abandonadas
a que sempre regressamos
à procura de tesouros
há muito esquecidos
bem no fundo de nós.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
PARA ALÉM DO POEMA
É verdade que escrevo
talvez por necessidade
mas isso não vem ao caso
e sou sempre eu que escrevo
mesmo quando a mão escreve
o que eu não sou capaz
mas se querem saber
se querem mesmo saber
o que me motiva
está para além das palavras
muito para além das palavras
o que me motiva
está para além de mim
muito para além de mim
sexta-feira, 13 de abril de 2012
TODOS OS ESCRITORES ESCREVEM SEMPRE DE MAIS
Fui infeliz muitas vezes
é verdade
e voltarei a sê-lo
sem dúvida
mas não tenho
estou certo disso
uma verdadeira vocação
para a infelicidade.
Parece-me que
se assim o posso dizer
até sou feliz
a maior parte do tempo.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
BREVE ENSAIO SOBRE A UTILIDADE/INUTILIDADE DA ARTE
[a mexer/remexer em textos antigos]
Mas a arte…
é útil ou inútil?
perguntas-me
perguntas-me
E respirar,
contraponho,
é útil ou inútil?
e sinto-te
por um instante
suster a respiração.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Um poema esquecido
[à procura de um texto antigo, encontro este poema de que não me recordava já]
Medo, pois é, o medo!
Se o céu tivesse medo
nunca rebentaria em azul
e nunca mas nunca
as nuvens nele escreveriam
os seus poemas
Medo, pois é, o medo!
Se o mar tivesse medo
nunca beijaria a terra
sabendo de cada vez
que nunca mas nunca
ela será sua
Medo, pois é, o medo!
Não tenhas medo
deixa que te ame
não me afastes
o medo é o nosso
maior inimigo
Medo, pois é, o medo!
Se o céu tivesse medo
nunca rebentaria em azul
e nunca mas nunca
as nuvens nele escreveriam
os seus poemas
Medo, pois é, o medo!
Se o mar tivesse medo
nunca beijaria a terra
sabendo de cada vez
que nunca mas nunca
ela será sua
Medo, pois é, o medo!
Não tenhas medo
deixa que te ame
não me afastes
o medo é o nosso
maior inimigo
domingo, 8 de abril de 2012
AI QUE COISAS NÚMERO ....
A verdade do
que escrevo estará sempre
em quem me leia
As palavras têm
som e significado. Ouve
apenas o que elas dizem.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
quinta-feira, 5 de abril de 2012
[POEMA PARA SER LIDO EM VOZ ALTA, PAUSADA E INTENSAMENTE]
Se eu quisesse
eu podia,
separar o corpo
da mente.
Assim,
de um momento para o outro,
de repente.
Se eu quisesse
eu podia,
mas pergunto-me
onde é que eu
afinal ficaria.
Separado o corpo
da mente,
o que de mim
restaria?
quarta-feira, 4 de abril de 2012
UM POEMA
ESPANTO PRIMORDIAL
inspiro e expiro
num movimento contínuo
que me afasta
e me aproxima
de mim mesmo
e do mundo
o mundo só existe
a cada palavra que digo
encerrando-me
libertando-me
uma e outra vez
há nesta loucura
uma enorme tranquilidade
incomensurável
inapelável
peixe água lago
espanto primordial
O QUE É SER PORTUGUÊS ou O PORTUGUÊS SEM FILTRO
[O final do 3.º Canto que tenho vindo a publicar aqui]
Ser português é uma arte muito antiga,
desacreditada e inútil, completamente inútil.
Ser Português não se ensina; mas
também quem o quereria aprender?
Nada vale a pena em Portugal, quando
não é o corpo é a alma que está mal.
Os portugueses vão sempre pelo sonho,
por isso é que dormem muito e nada lhes tira o sono.
Os portugueses acreditam em Portugal,
não parecem é acreditar que são Portugal.
Os portugueses deram novos mundos ao
mundo, importa agora que inventem Portugal para si.
[continua...]
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